sexta-feira, abril 21, 2006

Existe, porque eu amo-te.

O meu coração humedecido de lágrimas
que não soube dar-te o que precisavas.
E o ruído de todas as palavras
que cairão inutilmente no chão.


O longe. E o ter podido estar.
O ter podido amar e não o ter feito.
O caixão de sentimentos. E o mar.
Eu nunca vi esse mar.



Tu és o melhor,
e quando o melhor
não nos quer temos que nos render

E saber que sonhar alto é bom,
simplesmente por isso: sonhar.


Sonho porque sonho. E amo-te porque sonho.
E porque és real nesse sonho.
Nem eu sei o que escrever. Nem o que fazer.


Se soubesse que havia uma réstea de esperança,

entregaria todas as minhas forças e esperanças
e lutas nessa pequena esperança.


Deixa-me lutar por ti:

prefiro lutar em vão
e morrer naufragado
que morrer na praia
e ver o meu navio partir.


São opções, como te disse, que nos dão rumo à vida.


Amei o amor que comecei a sentir por ti.

Foi isso que me colocou então lá a estrela polar
no canto do meu céu guiando-me p'ro norte,
para o meu norte.


Foi a tua existência.


Dói-me as palavras que te escrevo
porque sei que com este final,
foi-se também uma parte de mim:
A parte que me ligava a ti.


Ou diferente,
a parte que te deixava ligada a mim.


Os dedos incharam de dor
de uma silenciosa ausência
de alguém que se afasta
e se põe longe, demasiado longe.


E a caixa que bombeia o meu sentimento.
Sim esse brinquedo. O coração.
Ahhh brota em fogo agora.
Fogo por possuir o que nunca teve: amor.


O que me entretém agora a razão,
a luta por algo que nunca alcançarei
mantém-me a esperança acessa.


Desculpa dizer-to.
preferias ouvir naturalmente um:
não me dói, esqueço-te então.


A mim é de todo impossível
simplesmente porque estás presente.
E escrevo-te cego,
deixando as minhas mãos
errar sobre as teclas.
Os meus olhos partiram com os teus.


Escrevo-te a luz.
Escrevo-te uma flor.
A flor do mês em que te amei:
a flôr do mês de Abril.
Cravo de água.
Cravo que podia ser sol.
Mas água. Lágrimas.

Canto em silêncio o mês de Abril.
O teu nome escrito com ternura
no meu coração. E o teu retrato
que me acompanha em dias que me sinto só.

O cravo que trago no peito.
Desabrota em flor se me falas.
Desfolha-se quando estás ausente.
Ah e o mar.
Ainda o quero ver.
Contigo.


Se canto e se luto.
É porque gosto de ti.
Mas há que fracassar
e bem fundo tocar
para se poder ver a luz.
Mas e se a minha única luz és tu?
Então, que eu vá bem ao fundo.
Mas que venha ao de cima.
Ou que morra ao tentar respirar,

ao tentar ver a luz.


"Existe que eu amar-te-ei." Recordaste-te?


Existe, porque eu amo-te.

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