Se é, sem dúvida, o meio que condiciona a inteligência, não é menos errado dizer-se que o meio está também condicionado pela inteligência.
Não somos homens só!, somos homens mais tudo o que nos rodeia. E é o que nos rodeia que nos molda o intelecto.
Mas será que que estamos condicionados ao que nos rodeia? A resposta é talvez simples, mas complexa.
Um Homem cresce sempre evidenciando valores da cultura a que foi submetido no seu crescimento. É óbvio concordarem comigo as pessoas que lerem estas linhas. Poderão, de qualquer modo, questionar:
-Mas será que um filho de pais conservadores não pode ser um rapaz de esquerda?
-É natural que sim, que o possa ser.
-Então não cresceu moldado pela cultura a que foi habituado!
-Cresceu sim. Simplesmente leu, informou-se, ouviu, cresceu junto a essa cultura extra, e foi essa cultura que o educou. No entanto não deixou de crescer segundo aquilo que o educaram. Simplesmente foram diferentes fontes de formação.
Agora prende-se ainda a questão: Será que a condição intelectual do Homem tem apenas sentido segundo o seu meio? Não!
Nascemos e, por conseguinte, herdamos não a inteligência, mas sim uma capacidade de aprendizagem dos nossos pais e familiares.
O exemplo é fácil: juntamos à nascença dois filhos de pais diferentes. Serão educados segundo a mesma cultura, a mesma educação, terão que ler os mesmos livros, estudar os mesmos papéis, tudo igual. Serão dois adultos de capacidade intelectual igual? Não, porque o Homem é feito pela circunstância que o rodeia, mas é também feito pela sua capacidade inata de aprendizagem intelectual. É essa sua capacidade inata de aprendizagem que o vai guiar durante toda esta aula tão longa que se chama vida. Cada um aprenderá certo ponto mais depressa que o outro. É natural. E terão gostos diferentes. Aptidões diferentes. Capacidades práticas diferentes. Vontades diferentes. Serão diferentes. É por isto que há tanta diversidade de profissões. Cada um segue, ou devia seguir a que mais gosta. O que acontece hoje é que escolhemos as profissões pelo dinheiro que nos podem vir a oferecer. Num sistema politico justo, cada um deveria escolher a profissão consoante a sua vontade e receber consoante a sua dedicação. Alguém poderá não gostar de medicina nem de bisturis, poderá não se interessar por códigos civis nem penais, poderá não se interessar por arquitectura, poderá não se interessar por línguas e ser um bom profissional enquanto operário na construção cívil. E será esse alguém que erguerá cidades com as suas próprias mãos. E esforçar-se-á ao máximo para que as casas se ergam do nada. E será que não é tão importante este seu acto de esforço como o do médico? O médico salva vidas, porque teve aptidão e vontade para isso. Esse alguém fará com que as pessoas possam ter tecto e cama onde dormir e onde poderão ser felizes. Erguerá uma civilização, porque, além de qualquer cultura, teve essa vontade inata. Será justo sermos diferentes uns dos outros devido a algo que nos é inato? Será tão dificil vivermos em harmonia e aproveitarmos de forma positiva essas diferentes capacidades? No mundo que eu idealizei não há espaço para o ódio nem para a exploração. Há espaço para a amizade e para o trabalho colectivo. É desse trabalho que nasce o Homem novo. O Homem verdadeiramente humano.
sábado, setembro 30, 2006
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1 comentário:
O Homem é educado pelos seus pais. O Homem pode crescer passivo e aceitar tudo o que lhe é feito crer que é verdade ou pode questionar e querer saber sobre o Mundo que não o dele.
E sim, o Homem será verdadeiramente humano quando deixar de ter medo de valorizar o certo e não o banal .
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