terça-feira, março 27, 2007

SIM!

Texto de argumentação para Português:



Tem-se vindo a falar em todos os meios de comunicação, em todos os cantos, por todas as pessoas da interrupção voluntária da gravidez. Deverá uma mulher que decide abortar ser tratada como criminosa? Será que o aborto deve ser posto no mesmo patamar que um homicídio? Afinal o que leva uma mulher a abortar? As respostas surgem vindas de vários pontos de vista: éticos, científicos, filosóficos, morais, religiosos…

Cientificamente a resposta à pergunta: “quando começa a vida?” é complicada. Começará quando o espermatozóide se junta ao óvulo e forma o embrião, ou poder-se-á considerar um espermatozóide uma parte viva? Se às 8 semanas o coração de um embrião já bate, também é certo que o cérebro apenas se forma aos 6 meses. Na minha opinião somos seres vivos quando podemos ter consciência do existir, ou seja quando o pensamento é possível e as sensações já são realidade (pouco depois da formação do cérebro). Como tal não considero o aborto um crime.

Há quem refute este meu argumento dizendo que um embrião de 10 semanas não é vida mas poderá vir a ser e constitucionalmente temos direito à vida. Deparamo-nos então com duas questões óbvias:

E o óvulo não poderá vir a constituir uma potencial vida? Se sim porque não abolir também os contraceptivos? Teremos que nos virar então para os dogmas retrógradas de uma igreja pré-histórica que defende que o acto sexual serve apenas para se “fazer” filhos. Onde entra então a necessidade natural e humana da sexualidade?

A outra questão está num outro parágrafo da constituição que confere à mulher o direito a uma maternidade consciente e à saúde reprodutiva. Uma mulher que toma a decisão de abortar foi porque os métodos contraceptivos falharam. Neste caso se se impuser a essa mulher uma gravidez não desejada onde está a ser cumprido este direito fundamental? Quem escolhe abortar ao deixar nascer é porque está de plena consciência que o filho iria ter uma vida infeliz por falta de condições económicas, sociais, …

Seremos nós desumanos ao ponto de condenar a prisão uma mulher que por falta de precisão dos meios contraceptivos engravidou e abortou em casa (sabe-se lá em que condições, talvez até com agulhas de tricô), teve hemorragias, depressões pós- abortivas e teve a infelicidade de pedir auxílio num hospital?

O aborto é o resultado de uma má organização social, não o resultado de um desequilíbrio psicológico como um crime qualquer. É por isto que a minha posição em relação à despenalização da interrupção voluntária da gravidez é clara: Sim!, para um melhor apoio social e psicológico à mulher que toma a incómoda decisão de abortar.

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