quarta-feira, maio 24, 2006

Tu sozinho não és nada, juntos temos o mundo na mão

Há palavras que nos tocam... Há palavras que nos mostram que alguma coisa de bem fizemos, que alguma coisa fizemos para sermos queridos, para significarmos algo... Para existirmos para lá de nós mesmos, para existirmos onde realmente é importante que existamos... Palavras que nos põem uma lágrima ao canto do olho, palavras que fazem assumar à superfície a totalidade de sentimentos controversos que tentamos esconder.

Mas palavras, são só palavras. Por si só, nada nos dizem. Podemos moldá-las, podemos falsificá-las... Nada fariam se pro trás não tivessem alguém que as dissesse. Alguém que encontrasse em si uma razão para nos confortar, para nos dizer que gosta de nós e se preocupa connosco. Para nos dizer que está ali em todos os momentos, que está ali para o que o futuro nos reserve. A todos esses alguéns eu chamo de amigos...

Neste infinito de mágoas porque todos passamos, são eles o cantinho de conforto onde nos sentimos seguros... Onde sentimos que podemos ser quem somos e não quem querem que sejamos. Onde podemos chorar e encontrar quem com sua ternura nos enxugue as lágrimas. Pessoas a quem por vezes tão pouco damos e para quem só importa o dar o melhor que têm. Por vezes não os vemos, por vezes esquecemos o quão importantes são para nós...

Nisto vejo o quão injusta é a vida. O quão injustos somos quando nos esquecemos que o sol não gira em torno de nós. Porque por vezes, esse afecto nos passa ao lado. Por vezes não damos o que deveriamos dar a quem o merece receber. Por vezes estamos tão concentrados nos nossos problemas que magoamos aqueles que mais nos querem, tão concentrados na nossa vida que não vemos que há outras vidas em jogo, que há outros a quem a nossa vida afecta.

E no entanto... Por muito que desconheçamos o quanto nos querem bem, o quanto sofrem com os nossos problemas e o quanto partilham da nossa alegria, por muito que ignoremos e nos afastemos, por muito pouco que lhes dediquemos... Eles estão lá. Podemos não os ver, mas estão. Podemos não os sentir, mas sentem-nos. E quando mais precisamos deles, eles aparecem. Têm uma palavra de força, um carinho especial guardado para nós. Um incentivo para nos ajudar a suportar as agruras de cada dia...

E que existência é esta, que vida é esta, que permite que só os saibamos apreciar quando estamos em baixo, que recorramos a eles sem lhes ter dado nada em troca? Faço-me esta pergunta vezes sem conta... E não me sei responder... Mas, a todos dedico uma parte de mim... A todos dedico a minha mais profunda gratidão.

Porque sei que merecem mais, e mais não consigo dar... Porque me concentro em mim e me esqueço que cada um tem os seus problemas. Porque existo e pouco faço por eles. Porque injustiço a sua amizade só a cantando quando me encontro com a alma devastada...

Não posso exprimir a magia do que sinto cada vez que essa luz da amizade brilha mais intensamente... Onde encontramos apoio onde não esperávamos que existisse... MAs toca-me, e choro, porque sozinho não sou nada, mas esse apoio é o meu mundo.

1 comentário:

Luisa Oliveira disse...

Ser amigo é isso: dar sem querer receber. E tu, amigo, quantas vezes nos dás tudo de ti sem nos pedir nada?